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As origens pagãs do Natal - O que é o Yule?

dez. 23, 2020 0 comments

 


Decorar a árvore, fazer bolachas de gengibre, acender as velas, por uma coroa à porta, comer bacalhau ou porco, beber vinho, oferecer prendas, todas tradições do... Yule! Apesar de o Natal ser considerado o "feriado cristão", de origens na religião cristã tem muito pouco, e Jesus não é o único Capricórnio de dezembro. A única tradição natalícia vinda do cristianismo é o presépio, de resto, o adorado Natal tem muito mais de paganismo. 

O Yule é uma celebração pagã que dura 12 dias - de 21 de dezembro a um de janeiro. Cada um destes dias deve ser celebrado. Mas o que se celebra exatamente? De forma simples, é apenas a celebração do solstício de inverno, mas temos de considerar o que o solstício simboliza, tanto agora como no passado. É o marco do final dos dias com pouca luz. Por isso, o elemento da luz, do bem voltar ao mundo é algo muito presente nas celebrações. 

O passado do Yule

Esta celebração tem a sua origem em culturas germânicas, e foi depois apropriada pelo paganismo moderno. Os povos germânicos seguiam o calendário lunar, o que resultava em 12 dias exatos que "restavam" no inverno. Esses dias eram considerados sagrados, nos quais se celebrava e comia sem parar, não se trabalhava, e em alguns sítios, davam-se prendas à família. Decorava-se a casa com galhos de pinheiros e azevinhos para atrair a vida de novo à terra. Para honrar esta luz, alguns acendiam 9 velas pelas 9 virtudes: coragem, disciplina, fidelidade, honra, hospitalidade, diligencia, perseverança, autoconfiança e honestidade. Outra forma de celebração era queimar um tronco um pouco todos os dias para proteção espiritual da casa. Na décima segunda noite, queimavam-se verduras para se ter um ano de boa sorte. 

Porque celebravam? Sobreviveram outro inverno. Como todas as celebrações antigas, esta serve para agradecer pela vida. Depois do inverno, vinha o período fértil, ou seja, mais comida, mais razão para celebrar. Era também uma apreciação da família que tinham, aproveitar o tempo com os vivos ao máximo.

Esta celebração não era das mais importantes entre as celebrações Celtas/Germânicas/Nórdicas, sendo vista mais como uma celebração secundária.

Na passagem do Paganismo para o Cristianismo, o feriado foi adaptado para haver mais adesão de antigos pagãos à religião Cristã, eventualmente tornando-se no Natal que hoje conhecemos.

O Pai Natal é real?

Vamos falar do nosso querido Pai Natal. Muitos devem conhecer a história de São Nicolau, o santo que distribuía prendas às crianças da bondade do seu coração, a suposta "inspiração" para o Pai Natal. Mas o arquétipo do ser mágico que em dezembro dá prendas é mais antigo que São Nicolau. Uma comparação direta no neopaganismo é o Holly King, um Deus-árvore que se veste de vermelho e tem uma longa barba branca. Este Deus nascia durante o inverno e abençoava os que se cruzavam com ele, se tivessem tratado bem a terra. É pertinente especificar que o nome "Holly King" vem da Wicca para representar o arquétipo que existe em várias religiões, sendo que este pode representar Gwin (Deus da caça selvagem), Lugh ou Balor (Deuses do sol), O Homem Verde (Fada das Florestas) e Jesus. 

Por falar em Gwin, o mito da Wild Hunt (Caça Selvagem) é um muito prevalente na época do Yule. Os Celtas consideravam que durante os últimos dias de dezembro, o véu entre este mundo e o Outro Mundo ficava mais fino. Por isto, acreditava-se que nas nuvens se conseguiam ver milhares de caçadores penados descer para a terra a matar a natureza que restava, de forma a criar espaço para ela renascer. Estes caçadores eram fadas malévolas, lideradas por Gwin, em alguns mitos considerado um Deus, noutros um Rei das Fadas (The King of The Wild Hunt). A pessoa que visse este acontecimento nas nuvens morreria no seu sono ou veria os seus entes queridos morrer. Neste sentido, claro, Gwin não "abençoava" ninguém. Mas quem encontrasse o Rei da Caça Selvagem sozinho, não via o Caçador que mete medo até aos mortos, mas sim um sábio homem verde que ofereceria conselhos.

É também daqui que vem a lenda do Homem Verde, uma fada das árvores que toma a forma de um homem verde gigante, coberto de folhas. Estas folhas ficam finas como agulhas durante o inverno pelo frio e a sua barba esbranquiça devido à neve. Mas nos últimos dias de dezembro, volta à sua verdura habitual, abençoando com prosperidade e fertilidade quem encontrasse. Muitas pessoas deixavam esculturas do seu rosto à porta para o honrar e pedir benção. O Homem Verde é outra entidade arquétipo, ganhando este nome devido ao fenómeno cultural de quase todas as culturas antigas terem um Homem Verde e representarem-no da mesma forma em arte. 

Muitas pessoas consideram ainda que o deus Odin teve grande influência no Pai Natal de hoje, visto que este era chamado de “Yule Father”, é descrito como um homem sábio com uma longa barba branca, e também presenteava e castigava as pessoas na noite de Yule. 

Como se celebra o Yule hoje

No neopaganismo e bruxaria o Yule ainda é celebrado. As celebrações são muito semelhantes às natalícias. O retorno da luz torna-se ainda mais simbólico, sendo o Yule interpretado como um período de renascimento. Por isto, muitos crentes renovam-se por completo, fazendo rituais de limpeza e purificação. Os pagãos deixam oferendas para Deuses do sol e terra, associados com o renascimento da natureza, bruxos fazem feitiços que envolvam esses elementos. São cozinhados doces com intenção de trazer um futuro próspero, sendo o mais popular o tronco, que simula o tronco que era queimado pelos pagãos antigos. Decora-se a casa com plantas do inverno e acendem-se velas, para chamar a luz e natureza de volta. Medita-se sobre o inverno, a pessoa que queremos ser, a luz que queremos na nossa vida e trazer ao mundo. Depois, celebra-se com a família toda junta (seja a de sangue ou a escolhida) e mostramos a nossa apreciação por cada pessoa na nossa vida. 

No fim de contas, acaba por ter o mesmo sentimento que o Natal: família, luz e união. É isso que dá esperança à humanidade quando a chuva e frio ocupam as ruas - Amor pelo mundo.

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